Tuesday, November 06, 2012

Tive um príncipe encantado na minha vida…



(ler isto ao som da banda sonora do filme “África minha” para dar “aquele” tom nostálgico à coisa…)

Tive, ...e tenho, um príncipe encantado na minha vida. Que, ao que parece, não me larga. É uma espécie de doença incurável que, há mais de 20 anos, ora vai, ora volta… Foi uma espécie de paulada na cabeça com danos, está visto que, irreparáveis. Foi uma daquelas paixões-assolapadas-platónicas-cegas-loucas-indisfarçáveis-próprias-dos-adolescentes (e impróprias para cardíacos). Daquelas que nos fazem fazer figuras ridículas e corar…  Um horror! Tudo isto, por um rapaz que, na realidade, nunca cheguei a conhecer muito bem.

Eu, que sou do género “reservada” nestes assuntos, não houve ninguém que não tivesse ficado a saber desta paixoneta ridícula... deste príncipe encantado. Toda a gente soube (porque eu não conseguia disfarçar), menos o alvo.  Tenho a decência de não escrever aqui o seu nome mas… quem me conhece desde essa altura, sabe perfeitamente a quem me refiro (“príncipe encantado” e a deixar marca desta maneira, não há mais nenhum na minha lista).

No sábado passado estive com uma amiga dos tempos do liceu que viveu de perto este fantástico “sonho cor de rosa” (“fantástico”, vem de “fantasia”). As conversas são como as cerejas e, vai-se lá saber como ou porquê, o assunto príncipe encantado veio à baila. É uma história hilariante… e triste porque nunca chegou a ter o final feliz com q sempre sonhei.

Na altura, quando o conheci (ou melhor, quando me apaixonei), acreditei piamente que um dia haveria um reencontro e… “seriamos felizes para sempre”. A loucura foi ao ponto de eu dar 5 anos para nos voltarmos a encontrar (isto é mesmo verdade! e ele nunca soube. Vá, chamem-me louca!). Cada um seguiria a sua vida, cada um teria os seus namorados mas, 5 anos depois, ou durante esse período dos 5 anos, haveria um reencontro. “O” reencontro. Mas, no decorrer do tal período tempo, meteu-se pelo meio a ida para a longínqua universidade e, seguiram-se outros projectos de vida... Os anos foram passando… passando… Já passaram 5x4… qualquer dia, 5x5… e nada! Ele ainda não apareceu a “dizer que me amava e voávamos juntos até ao horizonte” (do livro “o caderno vermelho da rapariga karateca”… É que quando li o livro, lembrei-me bastante desta fase da minha vida, deste “príncipe encantado”, porque era exactamente isto que eu sentia. Ou melhor, que eu desejava).

Sei que ele me reconhece. Já tive uns encontros inesperados (com anos de interregno) e ele fez aquele soorrriissoo de caír p’ró lado… e eu, tal adolescente, faço sempre as mesmas figuras ridículas de antigamente. Primeiro, incrédula, levo meia hora para perceber que é mesmo ele (especialmente se está de óculos escuros – tenho um problema: nunca reconheço as pessoas quando usam óculos escuros). Depois, quando percebo que é mesmo ele, de tão aflita não consigo dizer nada… Absolutamente nada!!! Nem “olá”! Acho que nem um sorriso… Deve achar q sou uma parvalhona mal educada mas… fazer o quê?! Isto não é coisa que se consiga controlar. Ai se ele soubesse… q o sentimento é o oposto.

Bem, agora não fiquem a pensar q tenho estado estes 20 e tal anos sentada numa cadeirinha à espera q o homem que me apareça aos pés. Louca, mas não tanto!. Passam-se anos q nem me lembro da sua existência. Mas há alturas em que, ou porque o vi ou porque no decorrer de alguma conversa com amigas o assunto vem à baila, lembro-me que ele anda por aí. No mesmo mundo q eu. Só isso!

Não posso dizer que isto seja uma “história mal resolvida” porque, na verdade, nunca houve nada (além de uns beijinhos) para resolver. Apenas mau “timing”, será? Acho que o que aconteceu foi que… criei um monstro! Naquela fase parva da adolescência, criei, floreei, esculpi, ilustrei, desenhei, pintei um príncipe encantado. À minha imagem, claro. Príncipe encantado = Monstro. O desgraçado do príncipe encantado das histórias q me contavam em pequena. Devia ser morta, a pessoa que inventou histórias de príncipes encantados. Isto não se faz! Enganar as crianças anos a fio com coisas q não existem. É q uma pessoa chega a velha e ainda sonha com príncipes encantados e depois, só aparecem "desencantados"… Uma tristeza, uma desilusão. E é precisamente por causa desta desilusão, que prefiro manter "o meu príncipe encantado” intocável. Porque o mais certo, é ele ser como os outros… ou pior q os outros!!… E lá se ía o "encanto"... Que medo! Aí, a minha queda seria bem maior, bem mais aparatosa… Por isso, o melhor é ficar tudo como está: eu tenho um príncipe encantado e ele, fica sem saber que é príncipe encantado. Na próxima encarnação talvez nos encontremos, quem sabe. Ou será q isto é karma de uma vida passada?!… O melhor é nem entrar nestes campos demasiado complicados para a minha cabeça.

Na esperança que ele não saiba da existência deste blog (ou se souber, que não saiba q é meu…. Ou, se souber q é meu, que fique a achar q estou a falar de um outro príncipe encantado qualquer…) e, mesmo correndo o risco de me aparecerem à porta um monte de “desencantados” a pensarem que são “o tal”, resolvi ganhar coragem e escarrapachar com isto tudo aqui, aos olhos do mundo. Ora aí está. Para toda a gente ficar a saber como sou idiota. 20 e tal anos depois e ainda perco tempo a pensar num gajo que nunca me ligou peva.

Mas acho que ainda não está tudo perdido… Talvez o venha a encontrar no lar e a minha vida ainda tenha um final feliz. Se já esperei quase ¼ de século, qual é o problema de esperar mais 2/4?!... Já estou a imaginar… aos 90 anos, de mãos dadas e a trocar alianças… Que lindo! Que romântico!... Aí, se vocês ainda por aqui andarem, vão roer-se de inveja mas eu convido-vos para a boda. Não se preocupem! aposto q o lar vai ter rampinhas, elevadores e até umas senhoras queridas para ajudar na hora do xixi.
Ele afinal chegou! Chegou mais tarde, mas chegou!

Para rematar esta linda história de príncipes encantados do século passado, podem ouvir esta musiquinha que eu adoro e que fica aqui mesmo bem.

3 comments:

Barbarela said...

Amiga que amor. Quem não teve e têm um príncipe encantado?! Quem foi a mulher que nunca tenha ficado com um príncipe na cabeça a pensar que se calhar era aquele o tal. :)Nem que seja de tempo em tempo? Como tu? Adorei o texto e as músicas já sabes bem esgalhadas. :)Beijos grandes de alguém que também deve ser uma idiota por acreditar no mesmo que tu. :) Espero e acredito no final feliz para ti(não tão tarde) seja com ele ou com um outro, que se for será melhor ainda. :)

Anonymous said...

Tu não existes Aninhas! Beijos e saudades. MM

Baleia said...

oh my god!
os "desencantados" (que também são principes mas não são "O" tal), já fazem filas e serenatas debaixo da minha varanda...